(uma reflexão feita a algum tempo em um dia longo...mais que terminou)
O velho lago I (o dia)
Então é dia Você acorda bem cedo De olhos semi abertos esfrega tuas mãos nos olhos Não percebe muito Reage na forma que já lhe é programado Lava-se, e enxerga perfeito. Arruma os cabelos e veste a roupa do dia Passa a mão pelo corpo apenas para desamassar o traje novo das mesmas cores Retoma postura frente a porta Pisa fora de casa Espreme os olhos enquanto sol bate em seu rosto Abaixa a cabeça e segue rumo onde sempre vai O oficio é simples, mecânico. Rodas grandes se movimentam Pessoas batem ferramentas Não se precisa pensar. Desta forma o tempo passa mais rápido Aos gritos de alguém toma-te forma de escravo Resume-se a pena, que desce rumo sem o mínimo saber onde está. Bate o sino seu coração bate fraco Seu pensamento se resume a pequena ceia que em sua casa o aguarda Sai de lá dimiu-se a mais um nas montanhas de gente Espremido no ônibus percebe quão perto as pessoas estão Mais com pouco que se enxerga meio metro da idéia de imensidão Chegas em casa. O olho brilha Seus filhos já dormem, nem se quer sorriso lhe ofertaram. Tua mulher cansada quase não ri quando chegas Você fragiliza Ríspido pega o prato já pronto a mesa Devora-o Se levanta escova os dentes. Deita ao lado de sua mulher na cama O beijo de sempre, o olhar de sempre, os mesmo segundos de silencio. A murmúrios de uma velha reza. E mesmo com depois deste dia você não se reconhece E se perde na incerteza de uma só pergunta Vou ou não esta noite ao menos sonhar....
O velho lago II (a noite)
Mais antes de dormir você promete. Antes de enterrar sua cabeça no escuro do quarto Você se admira da força do teu sangue. Reluta e pensa: “Amanha irei de tomar outro caminhos” Esquece-te do oficio E dorme. Tantas horas de sono profundo nem se da conta das horas que se passaram Nem de tua mulher resmungando de você não trabalhar Nem de teus filhos que já nem se lembra dos olhos Acorde-te muito depois Levanta-te É noite Poe os pés no chão e senti frio Sem camisa abre a janela. Afasta Vê o quadro perfeito que se forma ali, exatamente naquele momento Melhor que qualquer poesia não se preocupa com as formas que o vento Faz e desfaz no seu rosto Respira fundo Preenche o peito de ar Não se da o luxo de achinelar seus pés Nem se quer lembra das velhas cores do seu uniforme Pega sua camisa, a veste. Aponta o queixo para o horizonte Se da a delicia de correr na madrugada até o velho bosque da cidade O velho lago Chega da mais uma profunda respirada Quando solta o ar como ancora lhe afunda uma lagrima Cai ao chão levanta o mínimo de poeira A lembrança: “Sai daí menino não ta vendo que ta frio, já vai escurecer, amanha você vai amanhecer gripado” Responde: “Não vou sair daqui, a água esta ótima, fala a verdade você queria estar aqui” não esta por que não tem coragem, Pai você cresceu e perdeu a coragem “ a lagrima não era tua e sim do pai Agora a moeda virou de posição você ou ele se enxerga como o pai, com medo do lago frio e velho. Outra lagrima escore do seu rosto, você a percebe atira suas mãos a favor dela, e antes de tocar o chão você pega a sua lagrima na mão. A transforma em uma rosa como quando criança A enfeita no cabelo e pergunta Por onde andei todo esse tempo?
